Casa Pó de Arroz

O projeto:

Brevemente

Local: Porto
Ano: 2021
Fase: Pronto
Duração: 12 meses
Tipologia: Apartamento T3
Design de interiores & Decoração: SHI Studio
Fotografia: Pedro Mendes

Leia o texto da jornalista Sílvia Cardoso sobre este projeto, e que foi publicado na revista Homify.
Se preferir leia-o no sítio original clicando AQUI.

 

Elegância, conforto e tons serenos em apartamento no Porto

 

Há uma diferença real e substancial entre os apartamentos cujos interiores são desenhados por designers de interiores ou decoradores e os outros. Estes profissionais conhecem os materiais e sabem enriquecer os ambientes através dos mesmos, desenvolvem um trabalho que se destaca, entre outras coisas, pela atenção ao detalhe, têm especial jeito para determinar que configurações melhor servem as necessidades de cada cliente e não descuram aspectos tão importantes como a iluminação e a funcionalidade aliada à estética. Entregar um projecto de design de interiores a alguém da área é, de facto, um investimento que pode melhorar substancialmente a nossa qualidade de vida e a forma como nos relacionamos com o espaço habitacional.

Na homify, escrevemos, todos os dias, sobre projectos portugueses nas áreas da arquitectura, do design de interiores, da decoração e da construção. São muitos e são bons. Hoje, trazemos-lhe mais um trabalho de excelência do prestigiado atelier ShiStudio Interior Design. Trata-se de um projecto de arquitectura, reabilitação e decoração de um apartamento situado no Campo Alegre, no Porto. O apartamento é bastante amplo, mas não há espaços esvaziados de alma e inspiração. Venha vê-los!

Como cartão de visita de uma casa, o hall de entrada não pode ser descurado. Aqui, somos introduzidos à casa, mas também à família que aparece nas fotografias das molduras que decoram a parede. Se procurava ideias para decorar as paredes do seu hall de entrada, pode inspirar-se nesta!

A consola, por seu lado, vem acrescentar à casa mais um espaço de arrumação que é, de facto, muito útil, especialmente numa entrada onde há sempre coisas a pousar e guardar. As jarras, velinhas e a caixa decoram o móvel e dão personalidade a este ambiente que denuncia logo que acabamos de entrar num maravilhoso apartamento.

A sala de estar é o coração da maior parte das casas. É lá que as famílias se reúnem, ao fim do dia, para descansar, conversar, ver televisão e é também lá que, não raras as vezes, passamos tempo de qualidade com os nossos convidados. A utilização que lhe é dada exige uma decoração que concilie a comodidade, a funcionalidade e a estética. E assim é na sala de estar deste apartamento.

Olhando para o espaço, a primeira informação que detemos diz respeito ao uso minucioso que se faz de diferentes tonalidades de azul, uma cor elegante, versátil e que transmite serenidade. A designer mostra-nos como é possível trabalhar a cor por camadas, com as tonalidades mais claras a aparecer nas peças de mobiliário maiores e com as mais escuras a colorir as peças de mobiliário e de decoração mais pequenas. Esta combinação cheia de nuances empresta extremo conforto à sala e harmoniza-se na perfeição com a madeira cor de mel do chão e do módulo de televisão.

Esta sala tem todas as peças que uma sala deve ter, mas nenhuma delas é banal. O sofá tem chaise-longue e surge complementado por uma poltrona, o móvel de televisão é, na verdade, um módulo desenhado à medida e com um friso LED embutido que difunde uma agradável luz difusa e a mesa de centro é um conjunto com uma mesa mais alta e outra mais baixa que, por ser em tecido, também pode funcionar como repousa-pés. O conjunto é fechado por uma carpete fina, com padrão geométrico, que vai buscar todos os azuis usados na sala.

A sala de estar acomoda uma poltrona com repousa-pés que conforma um delicioso e acolhedor cantinho de leitura, devidamente apoiado pelo candeeiro.

Na parede, os três espelhos, decoram a superfície e, pelo reflexo que geram, dão dimensão ao espaço.

Esta era a sala antes da intervenção, um espaço altamente despersonalizado, frio, pouco apelativo e com uma configuração que não fazia muito sentido. Vamos ver de que forma o layout foi alterado.

A configuração do apartamento faz agora muito mais sentido. A sala de estar foi empurrada para dentro – o que lhe dá um certo resguardo e aconchego que não tinha – e a sala de jantar foi passada para a zona onde está a janela para que, desta forma, possa também estar alinhada com a cozinha que antes era fechada, mas que foi aberta para ficar integrada com a sala. O núcleo social do apartamento é agora um open space. A sala ganhou uma nova dimensão, luminosidade e fluidez que promovem uma melhor articulação e uma dinâmica familiar muito mais aprazível.

Um dos aspectos de que mais gostamos na zona de refeições tem a ver com o facto de se ter optado por uma mesa oval em vez da típica mesa rectangular. É uma forma mais delicada e leve que, ao contrário da rectangular, não sobrecarrega tanto o espaço. Além disso é o tipo de mesa onde, pela ausência de arestas, cabe sempre mais um. A acompanhá-la estão confortáveis cadeiras em tecido. O candeeiro com um globo remata a composição.

Nesta sala, ao lado da lareira, houve ainda espaço para a criação de uma pequena zona de trabalho que dá sempre jeito, sobretudo nos tempos que correm!

Nos projectos modernos, a ideia de ter a cozinha separada da sala já quase não tem lugar. A maior parte das casas e apartamentos beneficiam da cozinha aberta para a sala. Esta sala ganhou, por certo, outra espacialidade e o apartamento tornou-se muito mais prático. Aquela que era uma cozinha mais estreita e banal é agora uma cozinha totalmente moderna que se separa da sala através de uma península que funciona como espaço para pequenos-almoços ou refeições rápidas. As paredes que fazem a separação foram aproveitadas para a incorporação de espaços de arrumação que, para além de úteis, valorizam a decoração.

A cozinha é um ambiente que se quer funcional e sem muitas coisas a atrapalhar. Bancadas desimpedidas, bons espaços de arrumação, boa iluminação e electrodomésticos eficientes são algumas das características de uma boa cozinha. A cozinha deste apartamento exibe uma frente minimalista, com armários que dispensam qualquer ornamento. Os próprios puxadores não existem. Em vez deles, as gavetas possuem uma concavidade para que possam ser abertas. A paleta monocromática é apenas intervalada pelas madeiras – que garantem o aconchego do ambiente – e pelos apontamentos de decoração. O friso LED dissemina uma luz cálida e confortável.

A cozinha tem, ainda, uma marquise à qual se acede por via de portas de correr modernas com vidros foscos, uma solução muito prática e bonita.

Bem sabemos que estamos a insistir nesse ponto, mas é inevitável reparar nas zonas de arrumação que foram criadas nesta casa e que não estão a mais, sobretudo porque o apartamento é também habitado por duas crianças  — e onde há crianças, há, quase por norma, um manancial de coisas. Os corredores, por serem zonas de passagem, são, não raras as vezes, ignorados. No entanto, é uma zona que nos dá uma óptima oportunidade para criar espaços de arrumação extra, aproveitando as paredes em todo o comprimento e altura. A designer não desperdiçou esta possibilidade e ainda valorizou o corredor com frisos LED que lhe oferecem originalidade, dinamismo e um ar algo futurista!

Chegamos aos quartos e começamos pela suíte do casal. Tal como a sala, também a suíte tinha uma decoração com pouca personalidade. As peças de mobiliário eram algo pesadas, as paredes despidas de cor e os têxteis desinteressantes. Mas, isso era antes. A designer transformou um quarto banal numa suíte em jeito de capa de revista, agora com uma cama em tecido com cabeceira em capitonê, duas novas mesas de cabeceira e candeeiros com uma base escultórica que, ao contrário dos anteriores, têm presença no espaço. Os têxteis da cama foram substituídos por uma elegante colcha azul, a mesma tonalidade utilizada na sala e que dialoga com a parede bege. A carpete alta e macia beneficia o quarto do ponto de vista térmico e acústico e propicia-lhe indisputável conforto.

Eis o antes do quarto de uma das crianças, um espaço com vários objectos espalhados aleatoriamente, uma cómoda antiga pesada e paredes verde fluorescente que não o beneficiavam de forma alguma. As crianças e os jovens precisam de espaço e de luminosidade, tudo o que este quarto não tinha. No mais, não havia zonas bem definidas: de estudo, de brinquedos/arrumação e de dormir.

O verde das paredes deu lugar ao azul e branco, cores muito mais claras e luminosas que não deixam de dar vivacidade à divisão. A zona do fundo, junto à janela, foi aproveitada para a colocação de uma secretária comprida, apoiada por prateleiras, que conforma um óptimo espaço de estudo, ideal para acompanhar a criança ao longo da sua vida escolar. A cama foi mantida, mas pintada, e, para evitar uma mesa de cabeceira normal, optou-se por um moderno candeeiro de parede com braço flexível. Paralelo à cama está um aparador para arrumar livros e brinquedos.

O segundo quarto tem uma zona de estudo semelhante, mas uma decoração mais para jovem do que para criança. O mobiliário é mais sóbrio – mas não é pesado! – e há vários elementos divertidos como, por exemplo, o candeeiro de parede, o papel de parede e o estendal de fotografias onde o jovem pode pendurar fotografias e recordações!

É nas casas de banho que terminamos a nossa visita a este fantástico apartamento. Antes da intervenção, a casa de banho estava obsoleta e era demasiado pesada e escura. Além disso, a configuração não era a ideal para a família. A zona dos lavatórios estava pejada de objectos coloridos que geravam ruído visual.

Depois da obra, o espaço ficou irreconhecível. Os pesados revestimentos foram substituídos por subway tile verde seco – dispostos em espinha de peixe – que aparecem interrompidos pelo branco e pelo móvel em madeira. A zona onde estavam os lavatórios tem, agora, uma banheira protegida por uma guarda de vidro e é apoiada por um nicho iluminado por uma LED onde se podem colocar os champôs. Adoramos este detalhe!

O móvel do lavatório, com uma madeira mais escura, dá uma nota mid-century à casa de banho. Já não vemos uma miríade de objectos pessoais ao lado do lavatório. Tudo tem o seu sítio e o espaço, enfim, respira.

A segunda casa de banho segue, igualmente, a abordagem mid-century/industrial da anterior. Os subway tiles em branco revestem as paredes até se encontrarem com o tom bege camel. O chão é em mosaico hidráulico e, em vez de banheira, o espaço tem um espaçoso duche. O móvel de lavatório é em madeira escura e aparece encimado por um espelho redondo. O candeeiro suspenso, que pende apenas de um dos lados, cria uma assimetria divertida e complementa os frisos LED embutido nas sancas.